terça-feira

de costas voltadas

há dias que me zango contigo, que me revolto porque não vês... como se um manto te tapa-se a cara tal qual quando eras pequena em tamanho.. em que acreditas e tornas a acreditar que a vida sabe o que faz... em que te convences que os sapatos que trazes calçados não te magoam os pés, mesmo que um dia te tenhas apaixonado por eles naquela montra e tenhas dado couro e cabelo por eles... bem sei que achavas, mesmo lá no fundo que precisavas deles, que eles te iriam mudar a forma de ver a vida, te fazer acreditar... e fizeram... acreditar que eram lindos e também que fazem bolhas e crostas, mas voltaste a acreditar que isso era coisa para gente fraca... o que são crostas afinal... eram lindos... chegava algumas horas que às escondidas os tiravas, que tinhas dúvidas, mas qual quê... tinhas de usar, tu a super que é capaz de tudo... mas chega a noite e a única coisa que sentes é o peso deles mesmo quando te descalças... choras as mazelas e eles continuam ali lindos, bem tratados, confortáveis... e tu? quando vais aceitar que precisas de estar descalça e sentir o chão? aquele que é quente, frio, mas que te faz sentir tão livre que podes fazer o que quiseres, até dançar... naquela noite em que os tiraste e pisaste a praia e não os querias voltar a calçar, percebeste tanto... mas... o mas é sempre uma grande merda... estou mesmo zangada contigo. e não sei se continuares assim, se me apetece fazer as pazes...
Imagem retirada da Internet

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