quinta-feira

Perda...

Em algum momento da vida temos de lidar com a perda, todos nós... normalmente não estamos preparados para o fazer e muitas das vezes seguimos caminhos errados para lidar com ela... sim, porque lidar é a palavra e o que acabamos por fazer é escondermos-nos dela, fingir que ela não aconteceu, que somos mais fortes que ela, sem nunca nos permitirmos olhar para ela nos olhos... essa é a única forma verdadeiramente consciente de a integrar em nós e nos possibilitar continuar a caminhar num passo equilibrado e humano.
Perdemos muito, tanto... amigos, família, sonhos... amores no fundo, que quando se perde, seja a vida que nos assalta, sejam escolhas, fazem cortes profundos... Uns adormecem, tomam comprimidos para não sentir, escondem a cabeça e levam na boca cada pedaço dessa perda e enterram... mas há ventos, tempestades, chuvas fortes e mais cedo ou mais tarde, o que morava escondido, está sentado ao nosso lado no sofá, lá em casa, naquele sitio seguro que deixa de o ser de um momento para o outro... Lidar com a perda pode ser complicado, mas dificil mesmo é não lidar, não nos emocionar, não chorar o que nos apetece, não nos permitirmos ir onde temos de ir para a sentir, a transformar para ela poder viver connosco em paz... como disse é complicado, mas é possível e nada há de mais salutar do que a viver intensamente para a resolver em nós. As nossas perdas nunca nos deixam, vivem sempre connosco, apenas temos de aprender a viver com elas, pois esse é o segredo... o amor nunca morre, nunca se vai embora, nunca se apaga, mas para isso não o podemos deixar partir (ou tentar mandá-lo embora). Se é amor é para sempre e torna essas perdas imortais, pois continuam a viver em nós, mas agora de uma forma terna e calma... em amor, pois só o amor é sentido como perda, o resto, são apenas arestas que se vão limando com a vida, aprendizagens, experiências... Gosto de acreditar que todos os dias o aprendo a fazer melhor, a viver com cada uma, a aceitar como parte daquilo que sou e com a enorme felicidade de a poder ter vivido e me ter ajudado a transformar naquilo que hoje sou.

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