Uma frecha trouxe a claridade. Atravessou a porta de mão dada, de mala às costas, era pesada e grande, difícil para alguém tão pequeno, mas era ele que a tinha de carregar.O trilho era estreito e sinuoso. As pedras no chão, roliças e de pequenas dimensões, aguçam a sua curiosidade, pega numa e fá-la voar. No horizonte desaparece sem deixar rasto. Ouvia cada vez mais longe a voz: cuidado, tens a certeza? Convicto da sua capacidade, continuou fazendo ouvidos moucos. O sol já vai alto. O cansaço surge, mas o desejo em percorrer persiste. Depois de algum tempo de caminho, as pernas engrandeceram, o tronco tornou-se mais amplo, os

braços mais longos… O caminho, esse, transformou-se, agora maior e mais intrincado, as pedras tomaram outras dimensões, agora mais difíceis de transpor, surgiram, rios e mares, montanhas e planícies, flores e cactos, pombas e cobras. Por vezes o medo, por vezes a paz… A curiosidade morava lá, lá onde passava, lá onde queria estar… a voz já não se fazia soar, ou talvez os seus ouvidos tivessem cerrados…Cruza-se com uma imensidão de seres, uns cansados pela vida, outros a tentarem estafa-la… Vários pensamentos despontam, várias opiniões irrompem… O seu pensamento gira a uma velocidade estonteante, onde existe uma vontade de mudança e uma mudança da vontade… O que é verdade hoje, amanhã já não o será…Distraidamente e sem perceber como, vai de encontro a um muro, a cabeça ganhou um inchaço, o coração uma dúvida. O muro era desmedido e não havia como transpô-lo… Novamente o pensamento entrou em conflito, o apetite, o perigo, a incógnita, a vontade… Lança o escadote, sobe, sobe, sobe, tão alto que parecia chegar ao céu… A paisagem era deslumbrante, muito mais do que alguma vez teria imaginado, mas tudo o que era pormenor e pequeno fugia-lhe tornando-se incontrolável, mas a confiança no seu instinto era mais forte, mas… de novo aquela voz ecoa, parecia que os seus ouvido de repente permitiam deferir algo…
Mas residia a dúvida: O que faço?
Assim se cresce, a asa desaparece fisicamente, mas permanece sempre no coração.
03.Agosto.2006
3 comentários:
Rute, nao consigo comentar no teu outro blog.... tento tento, e nada. q desespero q isto ja dura ha imenso tempo. desde que puseste aquela coisita q lanca uma janela a dizer " eu quero e bolos"...
q se passa?
Adoro ler o que escreves, tanto neste como no outro blog!
Beijo grande
Estou a ler isto com a musica do Phill Collins Another day in Paradise e o meu estado de espirito hoje é parecido com o que aqui (d)escreves.
Adoro ler-te.
Bjs
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